terça-feira, 26 de setembro de 2017

Autores Pelo Mundo - Parte 7: TURQUIA-GRÉCIA




O autor Petros Markaris nasceu em 1937, na cidade de Istambul, Turquia. Filho de uma mãe grega e um pai armênio graduou-se em uma escola austríaca de St. George em Istambul. Após a graduação, fez outro curso de economia na Grécia, Turquia, Alemanha e Áustria. Isso, antes de dedicar-se e especializar-se em traduções de autores conceituados, como por exemplo, Bertolt Brecht, Thomas Bernhard, entre outros. 

O próprio Markaris numa entrevista (concedida em 2001 para La Gansterera) definiu em poucas palavras sua formação: "Eu fiz meus estudos elementares em uma escola grega, mas depois, do meu ensino médio para os meus anos universitários, toda a minha educação e cultura é o alemão".

Como integrante de uma minoria armênia, não teve cidadania por muitos anos. Porém, com a queda da Ditadura dos Coronéis, na Grécia, que ocasionou o retorno da democracia em 1974, nacionalizou-se como um cidadão grego. Markaris viveu em Atenas desde 1950.,
O inicio de sua carreira literária foi marcado com sua peça, escrita em 1965, chamada “The Tale of Ali Retzo”. A partir desta, escreveu diversas outras e também roteiros. Famoso por suas histórias policiais criou a famosa série do detetive Kostas Xaritos, a qual foi traduzida para diversas línguas conquistando muitos admiradores. 

A série do aclamado Kostas Xaritos possui onze livros. Dentre os quais, apenas dois foram traduzidos para o português. São eles: “A Hora da Morte” e “Os Amantes da Noite”. O protagonista da série, Kostas Xaritos, é um homem simples. Daqueles que necessitam superar muitas dificuldades para entender as complicações do mundo. Cada um dos casos que resolve se assemelha a uma batalha medieval. 

Entretanto, Markaris diz que não procurou este personagem, mas sim, que esse personagem lhe encontrou. Esse “encontro” aconteceu depois de o autor passar muitos anos escrevendo roteiros para uma série de TV, e cansado dos roteiros, teve a idéia de criar o detetive. Para ele, foi uma surpresa, disse numa entrevista de 2011 para uma revista européia: "Como eu era ativista de esquerda por um longo tempo, não tinha simpatia pela polícia. Na Grécia, eles eram sinônimos de fascistas... Mas de repente, pela primeira vez, percebi que esses pobres policiais são pequenos burgueses, que têm os mesmos sonhos que seus filhos podem estudar para se tornarem médicos ou advogados. Assim começou a construção: um crime e uma história familiar contadas em paralelo”.

Além dos onze livros da série Kostas Xaritos, escreveu outros quatro livros de não ficção (predominantemente sobre Atenas), e também, seis roteiros para o cinema. Foi premiado e condecorado pelo VII Prêmio Pepe Carvalho (Espanha, 2012), Goethe-Medaille (Alemanha, 2013), Prêmio do Quais du Polar Festival (França, 2013) e Cruz da Ordem do Mérito da Alemanha (Grécia, 2014). 

Não perca a chance de conhecer a obra de Petros Markaris na Ilha das Letras!

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Lançamento de livro na loja do Trindade Shopping

    


   Entrevistamos o jornalista e escritor João Vítor Roberge que no próximo dia 22 estará lançando na nossa loja do Trindade Shopping o livro Fotbal – Aventuras, Tristezas e Alegrias Romenas.
    Ele nasceu em Florianópolis, é formado em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e criou em 2013 o Blog “O Craiovano” que é referência no Brasil sobre o futebol da Romênia.



    O livro “Fotbal” foi feito para especialistas em futebol ou pode ser lido também pelo leitor comum, aquele que não sabe nem quem é o goleiro e se a bola é redonda?
       
       Acho que gostar de futebol ou pelo menos se interessar é pelo menos um requisito para achar o livro interessante. A segunda parte, sobre minha história com o futebol romeno e minha viagem pra Romênia, pode ser interessante pelo que vivi lá e por se tratar de uma viagem, mas tudo gira muito em torno do futebol, sempre será sobre o futebol em algum momento. Não precisa ser nenhum especialista, mas acredito que quem goste de futebol ou se interesse por temas diferentes neste esporte pode aproveitar muito o livro.

    Hoje você talvez seja o maior especialista em futebol romeno no Brasil. Jornalista recém-formado, fez seu TCC sobre o futebol romeno e agora lança um livro sobre o tema. Quais os próximos passos? Pretende continuar no universo do futebol romeno ou expandir sua atuação em outras áreas do jornalismo esportivo, inclusive no seu país?

    Não gosto muito da imagem de “maior especialista”. Sou apenas mais um buscando meu espaço. Conheço vários rapazes da minha idade com projetos muito bons, mas como eu foquei tanto em algo que ninguém fala sobre, acabou ficando assim com este rótulo de “referência”, isto por um lado é bem legal. Eu sempre estou ligado no que está acontecendo no futebol e em alguns outros esportes, mas não tenho projetos de fazer com outros ramos o que fiz com o futebol romeno. Me sinto bem preparado para trabalhar na imprensa esportiva, onde simplesmente não se fala sobre futebol romeno. Mas para hobbies, o da Romênia está de bom tamanho para mim.

    O seu Blog “O Craiovano” acabou servindo de fonte de consulta para o seu TCC e para o livro devido a quantidade de informações que você conseguiu arquivar desde a criação. Você pretende continuar a editar “O Craiovano”?
Sim, pretendo. Quero continuar, não naquele ritmo de 2, 3 anos atrás quando eu escrevia 20 notícias e matérias por dia. Mas quero sempre trazer algo novo. Existe um público pequeno, mas fiel, e gosto de saber que estou escrevendo e produzindo algo de que gosto para alguém além de mim. Além disso, é uma boa forma de me manter conectado com o jornalismo esportivo enquanto não consigo trabalho na área.

    O futebol romeno de clubes parece ter vivido seus melhores momentos no regime Comunista. É apenas coincidência ou os romenos não souberam fazer a transição para o capitalismo?
Não é coincidência. No livro deixo claro que a transição para o capitalismo foi o começo do fim. No comunismo, os clubes tinham estruturas boas mantidas pelo estado. Os clubes começaram processos de privatização e se tornaram reféns de uma burguesia velha de idade, velha nas ideias, e ainda por cima inexperiente, principalmente com futebol. Diversos clubes acabaram porque estiveram presos a um empresário ou outro que faliu ou que simplesmente quis parar de investir. E não são só os pequenos. Os maiores clubes do país passaram por este processo.

    Por outro lado, a Seleção Romena viveu seu auge nos anos 90. Depois disso não participa de Copas do Mundo desde 1998. Por que isso acontece?
Porque os clubes não têm mais o foco nas categorias de base. Isto está voltando agora, com Dinamo, Craiova, Timisoara e, claro, o Viitorul do Hagi, além de uma gurizada que joga em categorias de base em bons clubes do exterior. Meninos que nunca jogaram num clube romeno porque os pais se mudaram pro exterior. A “diáspora”, como dizem lá. Em um período dentro do comunismo havia o Luceafarul, um clube estatal de categorias de base que treinava os garotos, dava moradia, comida, educação. Todos sendo treinados dentro de uma mesma filosofia de jogo. Por lá passaram vários dos grandes jogadores que o mundo viu nos anos 90. Então tudo vai estar sempre ligado à péssima transição comunismo-capitalismo que se deu na Romênia, e especialmente no esporte romeno em geral. Por exemplo, antes de 1989 se via a Romênia entre os 20, 10 maiores medalhistas numa edição de Jogos Olímpicos. Hoje isto não existe, em 2016 no Rio foram três medalhas, se não me engano.

    Hagi é praticamente uma unanimidade na Romênia. Pra você qual seria o “segundo lugar” de todos os tempos?

Eu diria Ilie Balaci por clubismo, porque ele foi um grande jogador e é o grande craque da história do Universitatea Craiova. Eu tenho que dizer que é Nicolae Dobrin, por tudo que ouço falar dele.

 Qual o melhor jogador romeno da atualidade?

É muito triste ter que dizer isso. Nos anos 60/70 havia Dobrin, nos 70/80, Balaci, nos 80/90, Hagi. Nos 2000, Mutu. Hoje não existe ninguém no nível destes, nem mesmo no de Mutu. Eu teria que ficar entre Nicolae Stanciu, do Anderlecht, a dupla Denis Alibec e Constantin Budescu, do Steaua/FCSB.

     Você passou um período na Romênia para o seu TCC. O nosso Blog Ilha das Letras tem como tema principal livros e literatura. Gostaríamos de saber se você conseguiu perceber se o Romeno gosta de ler? Tem muitas livrarias, bancas de revistas e até Sebo nas cidades que você visitou?

   A Romênia é semelhante com o Brasil em vários pontos, tanto nos bons quanto nos ruins. Vi pouquíssimas bancas de revista. Revistas como nós temos ainda até hoje não existem mais lá. Só vi um ou dois sebos, ambulantes, de feira. O que mais vi neste sentido foram as grandes livrarias. Não posso falar com certeza nenhuma se o romeno gosta de ler, mas levando em consideração a quantidade de livrarias, bancas e sebos que vi, a impressão que tive não foi boa.

  
Bate-bola: (Leia o livro pra entender!)

- Cidade de Bucareste ou Cidade de Craiova?
  Cidade de Bucareste, pelas opções de lazer

- Mititelu ou Vasilescu?
  Um chute na quina do balcão.

- Mutu ou Chivu?
  Chivu, mais completo psicologicamente.

- Steaua ou Dinamo?
  Dinamo, só porque é o menor dos dois.

- Cerveja Silva ou Brahma?
  Timisoreana PET 2,5L


- FCU ou CSU?
  O que estiver representando Craiova no mais alto nivel.



O lançamento do livro Fotbal – Aventuras, Tristezas e Alegrias Romenas será dia 22 de setembro de 2017 às 19 horas na loja Ilha das Letras do Trindade Shopping, Florianópolis, SC.

Você também pode adquirir o livro na nossa loja virtual:

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Autores Pelo Mundo - Parte 6: ESPANHA






O escritor Juan José Millás nasceu na Espanha, na cidade de Valência, em 1946. Quando tinha seis anos de idade mudou-se com seus pais para Madrid, onde permaneceu por toda a vida. Começou a estudar Filosofia na Universidad Complutense de Madrid, porém desistiu. Trabalhou como administrativo, pois sobrava mais tempo para dedicar-se à escrita e à leitura. Com vinte e dois anos casou-se pela primeira vez e teve seu primeiro filho.
Suas primeiras obras foram extremamente influenciadas por Júlio Cortázar e pelo Experimentalismo (movimento poético surgido no início da década de 1960). O seu segundo livro, Cerbero son las sombras (1975), foi premiado com o Prêmio Sésamo, o que lhe abriu as portas da crítica. Graças a um entusiasta membro do júri, Juan García Hortelano, pôde depois publicar Visión del ahogado (1977) e El jardín vacío (1981) na famosa editora Alfaguara. Publicou em seguida Papel mojado (1983), uma encomenda de uma editora de literatura juvenil, que foi, e continua a ser, um sucesso de vendas.
Após esses livros, surgiu sua mais famosa obra: El desorden de tu nombre (1987), pelo qual recebeu o Prêmio Nadal. Com isso, começou a colaborar com a imprensa, atingindo um enorme êxito, dada a sua grande imaginação e sua enorme dedicação aos desfavorecidos. Em 1987, teve seu segundo casamento, com Isabel Menéndez, psicóloga, com quem teve o seu segundo filho. Em 2006 escreveu um livro intitulado Laura e Julio, o qual tornou-se famoso por tratar de assuntos polêmicos como falsa identidade e mudanças de personalidade.
Sua numerosa obra literária é caracterizada pela introspecção psicológica e por qualquer instante do cotidiano pode ser transformado num acontecimento fantástico. Foi assim que criou um gênero literário pessoal, o “articuento”, no qual uma história cotidiana se transforma, por obra da imaginação, numa maneira de ver a realidade sob um ponto de vista crítico. Os seus artigos publicados à sexta-feira no El País alcançaram um grande número de seguidores pela sutileza e pela originalidade da sua maneira de abordar os temas da atualidade, assim como pelo seu grande compromisso social e pela qualidade do seu estilo. As suas obras estão traduzidas em vinte e três línguas, entre as quais: inglês, francês, alemão, português, italiano, sueco, dinamarquês, norueguês e holandês.
Você encontra Millás na Ilha! Não deixe de conferir.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Autores Pelo Mundo - Parte 5: ANGOLA



José Luandino Vieira, pseudônimo literário de José Vieira Mateus da Graça, nasceu em 1935 na cidade de Ourém, em Portugal. Com três anos mudou-se com sua família para Angola, passando toda sua infância e juventude na cidade Luanda. Escritor e tradutor angolano, participou da Guerra Colonial, numa luta armada contra Portugal.
Foi detido pela primeira vez em 1959, pela Polícia Política Portuguesa e novamente em 1961, com uma pena de 14 anos de prisão. Até o ano de 1964, Vieira passou por diversas prisões, sendo transferido em 1964 para o campo de concentração do Tarrafal, no Cabo Verde, aonde permaneceu por 8 anos.
Antes disso a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), então presidida por Manuel da Fonseca, atribuiu-lhe o Prêmio Camilo Castelo Branco, pela sua obra Luuanda.  Vieira cumpriu a pena de prisão no Campo do Tarrafal, em Cabo Verde, regressando a Portugal em 1972, com residência vigiada em Lisboa.  
Em 1975 regressou a Angola e ocupou os cargos de diretor da Televisão Popular de Angola (1975-1978), diretor do Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA (1975-1979) e do Instituto Angolano de Cinema (1979-1984), co-fundador da União dos Escritores Angolanos, sendo seu secretário-geral (1975-1980 e 1985-1992) e secretário-geral adjunto da Associação dos Escritores Afroasiáticos (1979-1984). Com o fracasso das primeiras eleições livres em 1992 e o início de uma nova guerra civil angolana, regressou a Portugal.
Decidiu morar no Minho (província tradicional portuguesa), onde vive em isolamento, passando a dedicar-se à agricultura. Em 2006 foi-lhe atribuído o Prêmio Camões, porém, ele recusou o prêmio alegando “motivos íntimos e pessoais”, através de um comunicado de imprensa. Entrevistas posteriores, sobretudo ao Jornal de Letras, esclareciam que o autor não aceitara o prêmio por se considerar um escritor morto e, como tal, o Prêmio deveria ser entregue a alguém que continuasse a produzir.
Sua obra é composta mais por contos, como por exemplo: Luuanda (1963), Vidas novas (1968), Velhas histórias (1974) mas também, escreveu alguns romances, como o Nosso Musseque (2003), Nós, os do Makulusu (1974) e O livro dos rios, 1º vol. da trilogia De rios velhos e guerrilheiros (2006).
Você encontra Luandino Vieira na Ilha das Letras!